Dos kung-fus e faroestes aos filmes pornôs

Caras e caros, voltamos para a segunda edição de guest posts. Desta vez,  ele, the one and only, sócio-pai, também conhecido como Claudio Fragano.

Como vocês já sabem, o sócio-pai já trabalha como tradutor para cinema há mais de 40 anos e tem muita história para contar. Para além de especificidades de tradução, ele é muito versado nos meandros da indústria cinematográfica. Sendo assim, ele consultou seu banco de dados de evidências anedóticas e nos escreveu um breve relato imperdível. Vamos lá?

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Voltando um pouco na minha trajetória como tradutor, lembro o período do fim da década de setenta e começo da década de oitenta, em que começaram a proliferar os filmes de faroeste e kung-fu. Foi um período fantástico em termos de produção, pois a quantidade desses filmes era muito grande e eram, em geral, muito pouco falados: a grande maioria dos faroestes era italiana, os chamados faroestes espaguete, e os filmes de kung-fu eram pura ação. Eram filmes bem diferentes dos de hoje, pois se passavam em aldeias, apesar da história girar invariavelmente em torno do mesmo tema: a vingança, assim como nos faroestes.

Saudades do Clint antes de entrar para o Partido Republicano.

O único problema era que quase todos os filmes de kung-fu eram falados em chinês, e vinham com lista de diálogos em inglês ou até mesmo sem lista. Naquela época, fazíamos a pietagem dos filmes em nossa moviola, ou seja, indicávamos para o laboratório a posição das legendas. Conseguimos na ocasião a inestimável colaboração do Liu que nos ajudava tanto na tradução dos filmes sem lista de diálogos como na marcação de todos eles. Uma breve pausa para falar sobre o Liu: ele era sobrinho de um chinês que também fazia importação de filmes chineses para o Brasil. Na verdade, a dele era a pintura, mas, por causa do conhecimento da língua, fizemos dele nosso colaborador. Percebíamos que muita coisa era “chutada” ou faltava alguma coisa, pois a mesma legenda ficava muito tempo na tela. Por isso a ajuda dele era tão bem-vinda. A verdade, no entanto, era que ninguém ligava muito para as falas nesses filmes. Mas, como tudo que é bom dura pouco, a onda passou.

Infelizmente, o sócio-pai não se lembra de nenhum título. Mas ele diz que era algo bem parecido com isto.

Mas eis que mamata semelhante volta a aparecer no fim dos anos oitenta e começo dos anos noventa. Chegam os filmes pornôs, cuja destinação são algumas salas específicas no centro da cidade. Dentre estas, a de maior destaque são as duas salas do Cine Art Palácio na Avenida São João. Antes de falar mais especificamente desse nicho, vale lembrar uma curiosidade. A princípio, a exibição desses filmes era proibida pela Censura (hoje denominada Classificação Indicativa), o que obrigava os distribuidores a entrar com a liminar para poder exibir tais filmes. Essas liminares costumavam ser concedidas e cassadas depois de algum tempo. Mas o tempo que ficavam em vigor era suficiente para que o filme cumprisse sua trajetória nas salas de exibição.

Hoje só tem igreja!

Nos primeiros tempos, a afluência de público era imensa, o que fez com que surgissem muitas distribuidoras que se dedicavam exclusivamente a esse segmento. Vinham filmes pornôs de diversos países, como Estados Unidos, Itália, França, Alemanha, etc. Por um bom tempo, ocuparam grande espaço em nossa lista de trabalho, pois além da grande quantidade de filmes, eram pouco falados e muito fáceis de se traduzir (por que será?), embora, como dá para imaginar, sempre muito repetitivos. Havia ainda pequenos distribuidores que se preocupavam com a qualidade da tradução de seus filmes. Lembro que numa visita a um desses pequenos distribuidores, na Rua do Triunfo, a quem haviam indicado meu nome para tradução, em determinado momento da entrevista, o distribuidor me perguntou: “Você tem a mente pornográfica?” Hilário.

Mas esse filão, apesar das tentativas de alguns produtores de romantizar mais as histórias, tinha seu tempo de vida contado e durou uns quatro ou cinco anos, para azar dos pequenos distribuidores que se dedicaram exclusivamente à importação desse gênero de filme, pois tiveram que fechar suas portas.

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A LBM nunca traduziu filme pornô, mas temos experiências com muitos outros gêneros cinematrográficos! Quer saber mais sobre nosso portfólio? Clique aqui!

A LBM em cartaz: Fevereiro

Querid@s leitor@s,

Hoje já é dia 3? Sim. Mas estamos atrasados com nosso recap? Não. Pois se fevereiro fosse um mês como outro qualquer, ele teria acabado ontem.

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Fevereiro foi um mês bem gordinho de estreias para a LBM, nos estilos mais variados. Foram 6 estreias no total, a segunda vez que repetimos o feito! Agora, a comemoração vai ficar guardada para a mitagem das 7 estreias. Vamos começar?

 

Semana 1

Na quinta 4, começamos o mês com “A Escolha” (Paris Filmes) e “Tirando o Atraso” (Diamond Films). Dois filmes bem diferentes, com demandas de tradução bem diferentes também. “A Escolha” é um filme de diálogos menos complexos, bastante romântico, em que a maior dúvida é se você vai colocar aquele “merda”, ou vai mandar um “droga” para não destoar do resto do filme. A responsa, porém, era grande. Gazilhões de fãs de Nicholas Sparks aguardando ansiosamente pela próxima adaptação cinematográfica de um dos seus livros.

Já “Tirando o Atraso” é o típico filme de comédia pastelão, politicamente incorreto e cheio de coisas que você não conhece, demora para descobrir o que é e, quando descobre, não tem a menor ideia do que fazer com aquilo. Dentre eles uma apavorante sequência de diálogos em que o vovô taradão (Robert DeNiro) tira uma com o neto (Zac Effron) enquanto eles jogam golfe, chamando-o por nomes de jogadores de golfe famosos, só que não exatamente… Vejam alguns dos nomes:

Jack Dicklaus

Bubba Twatson

Gary Playing With My Balls

Michelle Wizzle All Over My Face

Eis aí uma boa deixa para praticar daredevilish subtitling! Deixem suas sugestões de tradução nos comentários (valendo uma lembrancinha da LBM)!

É disto que estamos falando…

 

Semana 2

Na quinta dia 11, “Brooklin” (Paris Filmes) abriu nos cinemas. A produção recebeu indicações ao Oscar por Melhor Filme e Melhor Atriz, mas não levamos nada. Mesmo assim, o filme é uma belezura que merece ser assistida. Sua tradução teve muitos toques de delicadeza e sensibilidade, e adotamos um estilo linguístico mais próximo à gramática padrão. Há uns bons anos, quando eu trabalhava numa escola internacional e fazia parte do clube do livro local, eu li Brooklin e gostei muito. Mesmo tendo feito essa leitura há muito tempo, ela me ajudou muito com a tradução. Eu já comecei a tradução conhecendo o espírito da história. Além disso, pequenos detalhes que no filme eram breves e ficavam confusos, eu lembrava com clareza. No filme, por exemplo, há um diálogo em que uma personagem menciona “nylons”, o que ficava um pouco no ar. Mas, no livro, falava-se muito em “nylon stockings”, então eu sabia do que se tratava sem ter que pesquisar muito. Às vezes, é engraçado ver como a tradução intersemiótica se dá: um termo/assunto tão frequente no livro vira um diálogo no filme (mas está lá!).

Cena de “Brooklin”

Uma das coisas mais difíceis do filme foi a marcação. O filme tinha uma edição muito picotada, a câmera passava muito de um rosto para outro, e foi desafiador aplicar o conceito de craft subtitling, no qual respeitamos cortes ao máximo.

 

Semana 4

Na semana 3 não tivemos estreias, mas só para ter um descanso até a quinta 25, quando 3 filmes traduzidos pela LBM estrearam juntos nos cinemas: “Presságios de um Crime” (Diamond Films), um thriller policial, cuja tradução transcorreu sem grandes problemas; “Boa Noite Mamãe!” (PlayArtePictures), o filme de terror austríaco que balançou a crítica; e “Deuses do Egito” (Paris Filmes), o tão aguardado blockbuster.

“Boa Noite Mamãe!” é um filme surpreendente e falar sobre sua tradução sem dar spoilers seria difícil! Então: SPOILER ALERT!!! No começo do filme, temos os irmãos gêmeos, mas no fim entendemos que um deles na verdade estava morto. E, antes da grande revelação, alguns diálogos podiam denotar isso por causa do sistema de singular/plural do português. Por exemplo, alguém dizia “Get out of the car!” e nós víamos dois meninos dentro, mas na verdade era um só; ou seja, a pessoa estava dizendo “saia” e não “saiam”. Assim, fomos rebolando durante o filme para modificar esses diálogos e não estragar a surpresa. Conforme as coisas vão ficando estranhas, no entanto, resolvemos soltar um singular aqui e ali para soltar uma pulga atrás da orelha do espectador. Alguém viu o filme no cinema e pode comentar se percebeu alguma coisa?

Olha eles aí…

“Deuses do Egito” foi um filmão mara de se trabalhar. Um pouco de pesquisa aqui e ali sobre nomes egípcios de deuses, cidades, entre outras coisas, mas nada que comprometesse. Um filme com bastante sarcasmo, o que nem sempre é fácil de transportar para a legenda, mas esperamos ter feito um bom trabalho.

“Deuses do Egito” te apresenta o seu próximo pet.

A propósito do filme, vamos relembrar uma postagem no Face que rendeu muitas risadas e likes na nossa página:

 

Show de bola. Em março tem mais!

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Daredevilish subtitling – quando o seguro não satisfaz a alma criativa

Colegas legendador@s e amig@s curios@s,

Vamos começar com um enigma: o que as palavras (palavras?) vagaba, caixeta e tantufas têm em comum? Pensem bem.

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Como tradutores de diálogos, realizamos nosso trabalho dentro das regras convencionadas para o nosso ramo de tradução ou estabelecidas por nossos clientes e, com os limões em mãos, fazemos nossa limonada audiovisual. Damos nosso melhor para achar soluções bacanas e inventivas para aqueles pepinos tradutórios, tomando o devido cuidado para não sair da linha. Somos bons nisso (ou ficamos, com o tempo).

Às vezes, também, fazemos a escolha de neutralizar nosso texto. Com pesar em nossos corações, desfazemos um brilhantismo oral numa chapada frase objetiva e sem ambiguidades. Estamos pensando em nossos leitores, é claro. Pick your battles, you can’t always win. Saber quando desistir e focar nos desafios que valem a pena também são habilidades requeridas. Certamente não são todos os diálogos que merecem uma noite mal dormida.

Mas há aqueles. Sabe, aqueles? Os que roubam seu sono. Vez por outra nos deparamos com diálogos que merecem nossa dedicação. Mas, é claro, todos os nossos diálogos têm 100% de nós, em teoria. Então, o que vamos dar a mais por esses diálogos?

Bem, voltemos às regras. As regras que norteiam nosso trabalho na maior parte do tempo nos ajudam a desenvolver uma tradução criteriosa e padronizada. Regras muito rígidas às vezes limitam nossa liberdade criativa, mas também limitam nosso escopo e nos ajudam a tomar decisões. Às vezes, não há regras, mas há bom senso. Talvez o bom senso seja a maior regra, a regra internalizada. Aquela vozinha que faz você apagar o que escreveu, pensando: too much, diva darling, too much. A regra interior que faz você temer o que o cliente, o público e os colegas vão pensar. Ela é prudente, e sábia também. Será que a deixamos ditar nossa tradução com demasiada frequência? Provavelmente, não.

Regras e bom senso na legendagem incluem, por exemplo, a não banalização de palavrões e palavras vulgares, o não uso de regionalismos e gírias locais que não alcançam um público mais amplo, o não uso de vocábulos que você encontria no whatsapp de adolescentes e, de forma geral, um respeito à diagonalidade do texto audiovisual, que não quer nem muito do oral, nem tudo do escrito. E não é que a gente fica bom em achar esse equilíbrio? Coisa impressionante. Mas há tempos, eu ganhei uma certeza nessa vida de tradutora: ser um bom tradutor de diálogos é, aqui e ali, jogar tudo pra cima e salvar um diálogo, só um, da morte, esquecimento e pior, da sem-graceza.

Então, o que mais daremos por AQUELES diálogos? Nossa ousadia!

Let’s risk it all.

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Quero agora apresentar alguns exemplos de situações aqui na LBM em que ousamos. Situações bem pontuais em que resolvemos não deixar para lá, fosse usando palavras extremamente informais, do vernáculo oral ou até mesmo inventando um pouco. Vamos lá!

Exemplo ousado #1:

No filme “Canibais” que traduzimos para a Paris Filmes, a tradução não deu trabalho. No entanto, encontramos uma brecha para marcar a memória dos leitores. Quando as amigas se despedem, a vulgaridade rola solta!

A assonância ficou prejudicada, mas a vagaba salvou o dia!

 

Exemplo ousado #2:

Numa dada cena de “Inatividade Paranormal 2” (PlayArte Pictures), Malcolm entra no quarto da sua enteada atrás de uma caixeta amaldiçoada… Caixeta?

https://youtu.be/mDRFiHyr7Uo

Imaginem que coisa mais chata escrever “caixa” naquelas legendas, que tristeza!

Pausa para cultura quase inútil: vocês sabem o que é uma boceta? Mas que pouca vergonha… Peraí gente, uma boceta é uma caixa pequena! Sim, uma caixeta. Juro, olhem:

s. f. || dimin. de caixa: o mesmo que boceta.

Leia mais: http://www.aulete.com.br/caixeta#ixzz3h6JezfF1

Mentes ativas começam a achar conexões de sinonímia, mas e daí? Pouca gente conhece a acepção original do que é hoje um baita palavrão e não ia dar muita sutileza. Mas… e a caixeta? Que bela rima! Final feliz.

Exemplo muito ousado #3:

Este é um personal favorite, sem dúvida. Em “Virando a Página” (Diamond Films), o professor de Screenwriting (Hugh Grant) faz a chamada dos seus alunos. Ele faz muitos trocadilhos com a língua. É também sedutor e não leva as aulas a sério. E agora?

https://youtu.be/gwxarzQd5LI

Either ou either? Tantufas!

PS: a marcação presente nesse vídeo não foi feita pela LBM, apenas a tradução.

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Então, é isso. Pequenas ousadias que lavam a alma e nos mantêm no caminho. Elas são muito importantes! Por isso, convido todos os colegas legendadores a enviar seus exemplos de daredevilish subtitling para nós. Recriarei este post mensalmente com exemplos ousados, engraçados e geniais de todos que quiserem colaborar. Envie seu vídeo legendado para blog@www.littlebrownmouse.com.br/toca-do-mouse. Não precisa ser em inglês, ok?

Beijas e até a próxima!

A LBM em cartaz: Janeiro

Querid@s amig@s,

Mais um mês chega ao fim e nos reunimos para a nossa retrospectiva mensal. O mês de janeiro foi pouco movimentado em termos de estreias para a LBM, mas estamos a todo vapor com muitos projetos rolando. Uma notícia incrível que temos para nossos colegas e amig@s é que a LBM agora é uma empresa associada à ABRATES, a maior e mais importante associação de tradutores e intérpretes do Brasil. Olha o selo aí ao lado, chique não?

Vamos lá então?

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CAROL 

Na quinta-feira 14, começamos o ano MUITO bem com a estreia de “Carol”. Sublime, apenas. O filme, que recebeu muitas indicações ao Globo de Ouro e também indicações ao Oscar (Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante para nossas musas Cate Blanchett e Rooney Mara respectivamente), continua em cartaz e é imperdível para 1) quem gosta de filmes incríveis; 2) quem participa de bolões do Oscar; e 3) quem gosta de ler legendas de primeira. Para quem lê em inglês, a crítica do The Telegraph é categórica: Cate Blanchett will slay you (leia na íntegra aqui). O filme tem uma fotografia maravilhosa e muito do seu charme está no não dito. A tradução correu tranquila, um daqueles filme gostosos de traduzir. Nosso diálogo preferido do filme foi quando Carol diz para Terese “My angel, flung out of space”, que em português ficou “Meu anjo, caído do céu”. <3

A Mares Filmes, distribuidora do filme, nos presenteou com o livro e o pôster. Nós adoramos! Olha só:

 

SUÍTE FRANCESA

Esse foi mesmo o mês de estreias lbmísticas em parceria com a Mares Filmes! Outra parceria nossa, “Suíte Francesa”, estreou na quinta-feira 28. O filme se passa na 2ª Guerra Mundial e conta a história de amor entre uma francesa e um soldado alemão da ocupação nazista. Como filme de época, foi importante manter o alerta para não usar termos anacrônicos na tradução. Parece bobagem, mas num descuido, um personagem da década de 40 aparece falando “Legal!”, e isso não seria nada legal! O filme por enquanto está restrito ao circuito cult em SP; você pode assistir no Cine Caixa Belas Artes e no Reserva Cultural (cheque sessões aqui). Para sessões no Rio, clique aqui.

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Outra estreia que estava programada para o dia 21, “Boa Noite, Mamãe!” (PlayArte Pictures) foi remarcada para 25 de fevereiro. Nessa mesma data, teremos as estreias também de “Little Boy – Além do Impossível” (Cinépolis Brasil) e “Deuses do Egito” (Paris Filmes), com Gerard Butler no papel de Set, o Deus do Deserto. Todos #byLBM, certo, Gerard?

A LBM em cartaz: Novembro, ou Precisamos falar sobre Jogos Vorazes

Amig@s e colegas leitor@s,

O mês de novembro chegou ao fim num mix de alegria e tristeza para nós da LBM.

Alguns dos filmes que preparamos que estavam com estreia marcada para novembro foram adiados, configurando um mês pouco badalado para nós nos cinemas, não fosse pela maior estreia mainstream do ano: Jogos Vorazes: A Esperança – O Final. Vamos falar sobre Jogos Vorazes?

1) JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA – O FINAL

Em 18/11, excepcionalmente uma quarta-feira, o fechamento da saga dos Jogos estreou nacionalmente. A estreia marcou para nós o encerramento de quatro anos de envolvimento com esse universo e pensamos em dividir com vocês alguns detalhes sobre esse processo.

O primeiro filme da saga, em 2012, foi traduzido nos Estados Unidos. É prática comum das grandes distribuidoras legendar filmes muito importantes fora do país e, nessa ocasião, a tradução também foi feita por lá. Acontece que tradução de legendas fora do país não é sinônimo de qualidade e a versão em português ficou problemática. Problemas com a terminologia já definida pelo livro e até erros de concordância figuravam na tradução. Assim, a Paris Filmes, nossa cliente e parceira, confiou a nós a tarefa de revisar o filme. E foi assim que lemos o primeiro livro!

Nos dois anos seguintes, com bastante antecedência já recebemos o segundo e o terceiro livros e nos preparamos para a chegada do material em meados de setembro. Uma das grandes preocupações com filmes baseados em livros, especialmente esses muito grandes, é a questão do plágio. Assim, trabalhamos com a distribuidora para acordar os termos que viriam do livro e garantimos traduções livres de cópias. Filmes como esses também são cercados de infinitos cuidados, como títulos falsos e os piores screeners do mundo, com uma qualidade que estragaria o barato de qualquer espectador. Uma coisa que também acontece são infinitas “versões finais” do roteiro que chegam uma atrás da outra, de forma que a tradução passa por várias adaptações. Nossa tradução foi elogiada por nossos colegas e amigos, mas infelizmente houve problemas com o layout e marcação das legendas, que continuou sendo feita em terras gringas.

E, finalmente, este ano trabalhamos com mais afinco do que nunca para levar aos cinemas “O Final”. Foram praticamente dois meses de trabalho em cima do filme, já que o grand finale foi traduzido e marcado por nós! Quem já foi ao cinema assistir e costuma ler as legendas vai saber que não há nenhum errinho. Acompanhando a tradução, fizemos a marcação digital com nosso conceito de craft subtitling, de forma que a cada diálogo foi dada atenção individual, não passando de um direto para o outro sem levar em conta a sincronia, com o maior respeito possível ao corte de cena e layout totalmente padronizado. O filme foi lacrado por nós e enviado diretamente para legendagem, sem a possibilidade de nenhuma alteração e o resultado ficou muito bom. O sócio-pai aprovou por cabine e eu compareci à pré-estreia no shopping JK, e foi muito emocionante. “Tradução: Little Brown Mouse“.

Em comemoração, decoramos nossa fanpage no Face com capas dos Jogos, clique aqui para ver que bonito ficou.

Assim, nos despedimos dos Jogos com muito agradecimento no coração pela oportunidade de levá-lo a milhões de pessoas no Brasil e com muito orgulho do nosso trabalho.

Goodbye, Katniss…

2) AMERICAN ULTRA: ARMADOS E ALUCINADOS

Na semana seguinte, atacamos com “American Ultra”. A paródia de filmes de ação no estilo FBI/CIA é muito engraçada e foi um daqueles filmes ótimos de traduzir, cheio de espaço para subversões da norma culta e jeitos de falar estilizados. Foram semanas legais decidindo qual jeito de falar era mais maconhado e, portanto, mais apropriado. You know, like…

E, assim, novembro se encerrou. Teremos um kick-ass December, com mais seis estreias previstas. We <3 férias!

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