A LBM em cartaz: “Amityville – O Despertar”

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Hoje o ratinho chega trazendo para vocês a estreia apavorante da semana: “Amityville – O Despertar”. O filme estreou ontem com boas críticas por toda parte, o que, convenhamos, não é feito fácil de se atingir em se tratando de um filme de terror!

A Carol Moreira fez a crítica dela a “It – A Coisa” e “Amityville – O Despertar” num só vídeo, nos dando já um bom panorama sobre os dois filmes e o que pode dar certo ou errado em filmes de terror em relação ao público leigo:

It, segura aqui minha cerveja que tem Amityville em cartaz e eu tô atrasada!

Recalque do ratinho por não ter traduzido "It"? Talvez.

O motivo para a boa aceitação é uma série de fatores que, combinados, resultam num bom filme do gênero. A tradução audiovisual pode ajudar ou atrapalhar um filme de terror?

Bora descobrir.

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Vamos começar pelo elenco de peso da vila da Amity, impressionante para um filme de terror: Jennifer Jason Leigh, diva de terror dos anos 90; Jennifer Morrison, que passou de serviçal de monstro em “House” a monster herself em “Era Uma Vez” (spoiler!); Bella Thorne, nova queridinha do rolê hollywoodiano; Cameron Monaghan, que andou fazendo boas séries como “Gotham” e “Shameless”; e a baixinha McKenna Grace que, como já disse a Carol Moreira, mandou horrores (ah, a infâmia!) no filme e já está com um currículo filmográfico invejável para quem ainda está aprendendo a tabuada na escola.

Mckenna sem dúvida sabe a tabuada melhor que nós, tradutores.

Bom, mas elenco firmeza não põe mesa (alguém viu “As Duas Faces da Lei” com Robert e Al? G-zuis). Filme de terror bom tem que ter suspense na medida e sustos genuínos. Tudo isso se consegue através de elementos cinematográficos específicos, os quais já começamos a discutir aqui no blog (leia aqui). A música, por exemplo, é essencial nos filmes de terror. A música não pode entregar o jumpscare, ficando mais tensa logo antes de um acontecimento chave.

Um bom jumpscare de Amityville! Sorry not sorry.

De forma semelhante, precisamos evitar certas mancadas na tradução. Uma delas é usar palavras meio, digamos, “bobas”, que podem tirar a seriedade do filme. Por exemplo, quem leva a palavra “malvado” a sério, ainda mais depois de “Meu Malvado Favorito”? “Maligno” ou “diabólico” parecem opções mais tensas e que não estragam a experiência do leitor.

Passando para a acessibilidade, uma coisa é certa: é delicado escrever um roteiro de audiodescrição sem adiantar os sustos, de forma a não interferir na experiência do público com deficiência visual. Encontrar os momentos certos para inserir as descrições e torná-las críveis não é bolinho. Além disso, para este filme especificamente, procuramos referências em audiolivros e radionovelas para dar um tom especial à audiodescrição. Afinal, ela se soma ao filme e ajuda a contar a história e, convenhamos, nada mais legal que uma voz trevosa e no tom certo pra dar vida a cada detalhe do filme.

“Família reunida na sala de estar para tomar sustos”, relatou a fonte histórica.

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Voltamos semana que vem com comentários de uma comédia nacional que vai fazer a jiripoca piar!

A LBM em cartaz: Novembro, Dezembro e bye-bye 2016!

Car@s amig@s,

Hoje é o primeiro dia do ano, sim! Estamos em clima de festa, deixando para trás um ano de desafios, realizações e crescimento e celebrando a chegada de um ano que promete mil maravilhas para quem é orelhudo e anda pela floresta.

Trazemos hoje a retrospectiva de lançamentos dos últimos dois meses, desejando a todos os nossos leitores um 2017 cheio de filmes incríveis com legendas abençoadas 🙂

Vamos lá?

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NOVEMBRO

Duas estreias em novembro, uma nacional e outra, internacional. Na primeira semana, a PlayArte Pictures abriu o mês em parceria com o mouse trazendo às telas “Mundos Opostos”, esse filme lindíssimo sobre histórias de amor em tempos de crise política e social na Grécia. O filme é um chamariz para a questão dos refugiados, que vem ganhando a merecida atenção por aqui, mas ainda é muito pouco perto do que precisa ser.

Uma das iniciativas super bacanas que temos por aqui que contempla a questão dos refugiados é o Abraço Cultural. A organização capacita refugiados para dar aulas de idiomas de forma muito séria, gerando renda e inclusão social para essas pessoas que tanto precisam. Os cursos têm um preço muito convidativo e quem faz recomenda muito. O projeto, que começou com 5 turmas há alguns anos, já conta com mais de 40, além de workshops e outras atividades. O programa é praticamente todo feito por voluntários, então você pode ajudar doando seus talentos também. Para saber mais, clique aqui.

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Os futuros amantes tendo uma conversa em very awkward English.

Na semana seguinte, o aguardado “O Vendedor de Sonhos”, baseado no best-seller homônimo de Augusto Cury, estreou nas telonas. Ninguém poderia saber indo ao cinema, mas a LBM caprichou numa versão legendada em inglês do filme para que fosse exibido em festivais internacionais antes mesmo da sua estreia por aqui. Esperamos que faça muito sucesso mundo afora com as nossas legendas!

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DEZEMBRO

Em dezembro, mais uma dobradinha nacional + internacional. Ambas estreias do dia 17, o drama de guerra “Um Estado de Liberdade” e o documentário “Marias” contaram com legendas by LBM.

“Um Estado de Liberdade”, distribuído pela Paris Filmes, conta a história de um grupo de rebeldes contra a Confederação durante a Guerra Civil Americana. Além de um recorte histórico interessante, o filme lida com a questão racial por um ângulo judicial que não costumamos ver. No tocante à tradução, procuramos diferenciar as falas dos senhores e escravos, sem causar muito estranhamento na medida do possível. Usamos, por exemplo, os termos “sinhô” e “sinhá”. O personagem principal Newton (Matthew McConaughey) ficava ali no meio termo entre os dois linguajares, outro motivo pelo qual foi importante fazer a diferenciação estratégica das variedades.

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McConaughey não vai te perdoar, confederado.

Do lado tupiniquim, “Marias” finalmente chegou às telas depois de um tempão em produção e de ter rodado festivais mundo afora. Já tínhamos divulgado o filme aqui no blog, na ocasião da exibição dele ano passado no Festival do Rio. Tivemos o prazer de trabalhar bem próximos da diretora Joana Mariani, que define o filme como a obra da sua vida. O doc foi gravado em diversos lugares da América Latina e traz discussões e insights sobre as Marias que temos por aqui e o que significa ser Maria sob vários aspectos. É um show de poesia e nós recomendamos! Da nossa parte, as legendas em português, espanhol e inglês foram feitas com muita dedicação e carinho.

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Eis o cartaz. Que fotografia, hein?

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Janeiro começa com tudo. A LBM, além das costumeiras legendagens, vem trazendo novidades incríveis, como dublagem e acessibilidade. Vamos contar tudo para vocês em breve. Nos aguardem 🙂

Curiosidades sobre a legendagem na Alemanha e países europeus

Car@s,

É verdade que nosso blog anda meio parado (meio?). Os últimos meses foram de intensas mudanças para nós todos aqui da LBM, no plano pessoal e profissional, mas podemos afirmar com alívio que são todas mudanças para a melhor! Novos projetos se formando e o trabalho continua a mil.

Para retomarmos nossas postagens, convidamos a Ana Cecília, colaboradora da LBM da equipe do alemão, para nos contar um pouco mais sobre como funciona a legendagem na Alemanha e região. Um texto muito rico e informativo. Aproveitem!

 

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“As legendas interferem menos no conteúdo de um filme do que a dublagem. E os amantes

do cinema priorizam um prazer autêntico.”

Silke Nagel

 

CURIOSIDADES SOBRE A LEGENDAGEM NA ALEMANHA E PAÍSES EUROPEUS

 

Ao longo da história do cinema, duas formas de produção de filmes estrangeiros se tornaram populares: a dublagem e a legendagem. Na Europa, países com pequena extensão territorial (Holanda, Portugal, Grécia e Romênia, por exemplo) ou com mais de uma língua cedo demonstraram suas preferências culturais por filmes legendados. Enquanto isso, França, Itália, Alemanha e demais países de língua alemã adotaram principalmente a dublagem. Nos últimos anos, entretanto, tem havido uma crescente demanda pelas legendas, focada em públicos específicos.

As primeiras legendas do cinema eram exibidas entre as imagens dos antigos filmes mudos. A partir da década de 30 do século XX, passaram a ser integradas nas imagens, sendo atualmente queimadas com laser, o que permite grande precisão e melhor legibilidade.

Starwars
Espera aí…

Na Alemanha, após a chegada do partido nazista ao poder em 1933, as produções cinematográficas eram usadas como instrumento de manipulação a serviço da ideologia totalitária. A chamada “tradução cultural” modificava diálogos originais, que eram dublados conforme indicado pelo partido nazista. Depois da guerra, entre as décadas de 1950 e 1960, o conteúdo dos filmes continuou sendo manipulado, agora para agradar os espectadores e atender aos gostos do público. Um exemplo famoso foram as “mutilações” feitas no filme Casablanca, produção norte-americana, onde as cenas com nazistas foram retiradas e substituídas por uma história de espionagem.

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Referência da foto do filme Casablanca: *By Bill Gold – http://www.impawards.com/1942/casablanca.html, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=25315862

A partir dos anos 80, com a chegada ao mercado do aparelho de vídeo cassete e posteriormente do DVD, o público começou a perceber as alterações grotescas inseridas nas produções e passou a demandar mais respeito pela fidelidade ao original. A nova tecnologia inibiu a alteração deliberada do conteúdo do filme pela dublagem e diminuiu a possibilidade dos cortes de trechos do original.

Atualmente, enquanto a dublagem continua sendo a opção principal do público do mainstream alemão, as legendas conquistam importantes nichos específicos de mercado. Há uma crescente demanda por legendagem, que se intensificou nos últimos anos, buscando atender principalmente às exigências dos mercados específicos de produção de DVDs e dos canais digitais de televisão por assinatura. Tais canais costumam ter um público mais restrito e produções com financiamentos mais baixos, tornando a legendagem a opção ideal, com custos menores.

Silke Nagel, autora do livro Audiovisuelle Übersetzung: Filmuntertitelung in Deutschland, Portugal um Tschechien (Tradução Audiovisual: Legendagem de filmes na Alemanha, Portugal e República Tcheca) e profissional de legendagem, cita os grupos específicos que optam pelos filmes legendados. Os cinéfilos fazem jus ao famoso ditado alemão “A voz de uma pessoa é seu segundo rosto” e preferem os filmes em sua versão original, com legendas, pois querem ouvir o som do idioma estrangeiro e das vozes verdadeiras dos atores. Na Alemanha, os filmes legendados são exibidos para os “amantes do cinema” em salas alternativas e também podem ser encontrados em DVD.

Há também associações de deficientes auditivos que lutam pela regulamentação do uso de legendas no país, através de leis que garantam o acesso irrestrito às informações na televisão. Outro grupo que prefere as legendas é o dos estudantes de línguas estrangeiras, que buscam filmes e programas para treinarem seus conhecimentos. Assistindo às produções no idioma original podem ampliar o vocabulário, memorizar as estruturas idiomáticas e exercitar a compreensão auditiva. Uma pesquisa da Comissão Europeia sobre os europeus e seus idiomas confirma que, embora 56% da população prefira filmes dublados, os cidadãos de países que costumam legendar seus filmes são ‟mais bem treinados em diversos idiomas”.

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Ana Cecilia Montenegro Bayreuther é tradutora e revisora de textos e legendas, pós-graduada em tradução de inglês e professora de português como língua estrangeira na Alemanha, onde reside. Formada em Direito pela PUC/RJ, adora livros, artes e cinema. Prefere filmes originais com legendas, claro.

 

Referências:

Antweiler, Kathrin. Geschichte der Untertitelung. Disponível em: <http://www.fask.uni-mainz.de/cafl/doku/multimedia/untertitelung/Untertitelung-Inhalt.html#Inhalt >

Deneger, Jana. Legendagem de filmes: a voz como segundo rosto. Goethe-Institut e. V., Online-Redaktion. Disponível em: <http://www.goethe.de/ins/br/lp/kul/dub/flm/pt6456940.htm>.

Jacob, Alex. Die Geschichte der Film Synchronisation in Deutschland. Sprechersprecher. Disponível em: <http://www.sprechersprecher.de/blog/die-geschichte-der-film-synchronisation-in-deutschland>.

Staud, Sophie. Audiovisuelle Translations. Disponível em: <https://prezi.com/orahvpbzmtmg/audiovisuelle-translations/>.

Daredevilish Subtitling II

Querid@s,

Voltamos saltitantes para mais uma edição de Daredevilish Subtitling, espaço dedicado a dar visibilidade a soluções ousadas de legendagem. Se você não leu a primeira edição ou quer relembrar, clique aqui.

Nesta edição trazemos novamente três exemplos. Desta vez, no entanto,  além de um exemplo lbmístico, apresentamos ousadias de uma tradutora de cinema diva misteriosa e também de um querido colaborador. Preparad@s?

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Exemplo ousado #1

Para reafirmar a ousadia do ratinho, trazemos uma solução do filme “Um Amor a Cada Esquina”. O filme foi traduzido para os cinemas em parceria com a Mares Filmes no segundo semestre do ano passado, tendo sido uma comédia de sucesso. Apesar de não ter nada a ver com ele, lembra um pouco os moldes cômicos do Woody Allen.

A protagonista narra para uma entrevistadora durante o filme a história inusitada de como foi de garota de programa a atriz estelar. Falando sobre sua infância, surge algo curioso sobre “colas em bastão” (glue stick) ou algo parecido com isso:

E a narrativa segue. Muitas piadinhas para lá e para cá e, de repente, descobrimos que o nome de acompanhante da protagonista é “Glow Stick”!

Sim, Clô Pritt. O nome segue se repetindo filme afora, como em seguimentos como este:

O que vocês teriam feito?

 

Exemplo ousado #2

Nosso amado colaborador, gerente e amigo João Artur nos enviou um exemplo que nos fez rir muito. Em sua tradução do filme “Deu a Louca na Chapeuzinho 2”, ele teve que fazer uma certa ginástica achando soluções. Segundo ele, as personagens do filme tinham um lance com confeitaria e surgiam jogos de palavras. Vamos dar uma olhada numa dessas situações:

Genial! Ele nos contou que “pirou na batatinha” era outra opção talvez mais acessível, pois nem todos conhecem o bolo cuca. Mas resolveu ousar para manter o jogo de palavras minimamente açucarado. Arrasou.

Exemplo ousadíssimo #3

Para fechar com chave de ouro, trazemos um exemplo ma-ra-vi-lho-so e ousado-põe-ousado-nisso. A autora é a tradutora para cinema Marina Fragano Baird, que também traduziu franquias de peso como “Harry Potter” e “Senhor dos Anéis”, sendo uma personalidade bastante discreta, mas cultuada no meio. Outro detalhe biográfico relevante de sua biografia é que ela é minha tia.

Há algum tempo, fui ao cinema assistir “Amante a Domicílio”, cumprindo com meu dever de fã obsessiva do Woody Allen. Coincidentemente, a trama também envolve prostituição light, mas dessa vez se trata de um gigolô por acaso, que vira o queridinho de algumas mulheres ricas e deslumbrantes da cidade. Em conversa pré-ação, Sophia Vergara conta para ele algumas coisas que ela gosta de fazer:

Esse é um dos casos em que ler a legenda tem muito mais graça do que ouvir e entender o original. Segundo minha tia, nem seus filhos conheciam o termo – confirmando total ousadia.

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Chegamos ao fim desta edição com o coração cheio de ousadia renovada para os próximos trabalhos. Por favor, não deixem de nos enviar seus exemplos ousados, contamos com a colaboração de tod@s! Podemos ajudar na legendagem do vídeo se isso for um problema 🙂 Escrevam para blog@www.littlebrownmouse.com.br/toca-do-mouse

Até a próxima!

Dos kung-fus e faroestes aos filmes pornôs

Caras e caros, voltamos para a segunda edição de guest posts. Desta vez,  ele, the one and only, sócio-pai, também conhecido como Claudio Fragano.

Como vocês já sabem, o sócio-pai já trabalha como tradutor para cinema há mais de 40 anos e tem muita história para contar. Para além de especificidades de tradução, ele é muito versado nos meandros da indústria cinematográfica. Sendo assim, ele consultou seu banco de dados de evidências anedóticas e nos escreveu um breve relato imperdível. Vamos lá?

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Voltando um pouco na minha trajetória como tradutor, lembro o período do fim da década de setenta e começo da década de oitenta, em que começaram a proliferar os filmes de faroeste e kung-fu. Foi um período fantástico em termos de produção, pois a quantidade desses filmes era muito grande e eram, em geral, muito pouco falados: a grande maioria dos faroestes era italiana, os chamados faroestes espaguete, e os filmes de kung-fu eram pura ação. Eram filmes bem diferentes dos de hoje, pois se passavam em aldeias, apesar da história girar invariavelmente em torno do mesmo tema: a vingança, assim como nos faroestes.

Saudades do Clint antes de entrar para o Partido Republicano.

O único problema era que quase todos os filmes de kung-fu eram falados em chinês, e vinham com lista de diálogos em inglês ou até mesmo sem lista. Naquela época, fazíamos a pietagem dos filmes em nossa moviola, ou seja, indicávamos para o laboratório a posição das legendas. Conseguimos na ocasião a inestimável colaboração do Liu que nos ajudava tanto na tradução dos filmes sem lista de diálogos como na marcação de todos eles. Uma breve pausa para falar sobre o Liu: ele era sobrinho de um chinês que também fazia importação de filmes chineses para o Brasil. Na verdade, a dele era a pintura, mas, por causa do conhecimento da língua, fizemos dele nosso colaborador. Percebíamos que muita coisa era “chutada” ou faltava alguma coisa, pois a mesma legenda ficava muito tempo na tela. Por isso a ajuda dele era tão bem-vinda. A verdade, no entanto, era que ninguém ligava muito para as falas nesses filmes. Mas, como tudo que é bom dura pouco, a onda passou.

Infelizmente, o sócio-pai não se lembra de nenhum título. Mas ele diz que era algo bem parecido com isto.

Mas eis que mamata semelhante volta a aparecer no fim dos anos oitenta e começo dos anos noventa. Chegam os filmes pornôs, cuja destinação são algumas salas específicas no centro da cidade. Dentre estas, a de maior destaque são as duas salas do Cine Art Palácio na Avenida São João. Antes de falar mais especificamente desse nicho, vale lembrar uma curiosidade. A princípio, a exibição desses filmes era proibida pela Censura (hoje denominada Classificação Indicativa), o que obrigava os distribuidores a entrar com a liminar para poder exibir tais filmes. Essas liminares costumavam ser concedidas e cassadas depois de algum tempo. Mas o tempo que ficavam em vigor era suficiente para que o filme cumprisse sua trajetória nas salas de exibição.

Hoje só tem igreja!

Nos primeiros tempos, a afluência de público era imensa, o que fez com que surgissem muitas distribuidoras que se dedicavam exclusivamente a esse segmento. Vinham filmes pornôs de diversos países, como Estados Unidos, Itália, França, Alemanha, etc. Por um bom tempo, ocuparam grande espaço em nossa lista de trabalho, pois além da grande quantidade de filmes, eram pouco falados e muito fáceis de se traduzir (por que será?), embora, como dá para imaginar, sempre muito repetitivos. Havia ainda pequenos distribuidores que se preocupavam com a qualidade da tradução de seus filmes. Lembro que numa visita a um desses pequenos distribuidores, na Rua do Triunfo, a quem haviam indicado meu nome para tradução, em determinado momento da entrevista, o distribuidor me perguntou: “Você tem a mente pornográfica?” Hilário.

Mas esse filão, apesar das tentativas de alguns produtores de romantizar mais as histórias, tinha seu tempo de vida contado e durou uns quatro ou cinco anos, para azar dos pequenos distribuidores que se dedicaram exclusivamente à importação desse gênero de filme, pois tiveram que fechar suas portas.

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A LBM nunca traduziu filme pornô, mas temos experiências com muitos outros gêneros cinematrográficos! Quer saber mais sobre nosso portfólio? Clique aqui!